quinta-feira, 12 de junho de 2008


O tempo se esgotou e você ficou pra trás. Foi à última vez que eu voltei, sabemos disso. Você sabe que eu não posso mais parar e te esperar.
Pulou de nosso trem e se perdeu dentre todos os outros vagões. Vagões quaisquer, sem nenhum significado ou importância. Foi tão difícil para nós conseguirmos te reencontrar, foi como perder uma borboleta no Alasca, ela iria para longe. Mas estávamos abalados e incompletos.
Mesmo sem poder voltar, eu parei. Parei e eles pararam comigo, ficamos esperando muito tempo por qualquer indício seu, qualquer pedaço de roupa laranja que surgisse ao meio de tanta poeira e indiferença. Te vimos de longe e ligamos os motores. Pensei que você correria ao nosso encontro e partiria conosco, mas não, você preferiu apenas olhar os segundos em que íamos ficando distantes.
Assim, te perdemos mais uma vez. Fiquei sabendo que você partiu com novas pessoas, novas histórias, páginas em branco. E sim, eu voltei. Voltei sozinha dessa vez, todos já haviam desistido de você. Voltei agora, pela última vez e com apenas duas escolhas a decidir.
E você se foi. Partiu. Nos deixou para sempre. Virou as costas, abaixou a cabeça e foi embora, humilhado por sua própria covardia.
Agora finge ter esquecido todo o seu passado, finge sentir falta. Cansei de suas mentiras, cansei de suas promessas. Apenas nos jogou fora, como se fossemos os culpados pela sua partida. É amigo, nosso tempo acabou, os tempos bons acabaram.
Agora te dou o meu adeus, para todo o sempre.


Bruna Berri

sexta-feira, 6 de junho de 2008


Você parece aquele velho ursinho, que toda criança tem. Ela o ganha, se apaixona, passa todos os dias da vida dela abraçadas com ele. Jura nunca o deixar, não o esquecer, não o abandonar. Iria ser eterno. Era um pedaço dela também, como se fosse uma pequena parte dos seus sentimentos transformada em matéria. Mas um dia ela chega em casa e não o encontra mais. Todos seus brinquedos desapareceram, você corre em busca deles, principalmente o seu velho ursinho quentinho. E sim, o pior aconteceu, eles foram embora em uma caixa velha e suja e foram dados a sua prima mais nova, mais bonita, cheia de vida. Você nunca mais os terá novamente e não poderá reconquistá-los. Assim, você se sente vazia, perdida, como se você tivesse amputada, de mãos atadas. Ele se foi, assim como todos os outros e você não poderá fazer nada para mudar isso, absolutamente nada, pois ele não pertence mais a você. Talvez não por sua livre vontade, mas não pertence mais. Você vai ter que aceitar e vai odiar todos os brinquedos que te lembram ele. Se tornou uma criança fria e amarga, assim como eu. Seja bem vindo.

Bruna Berri