segunda-feira, 19 de março de 2012

Anafilaxia


Morre. Morre desse jeito, com a cabeça encostada em meu peito. Renasça; segundos depois. Brota como um bonsai bem fertilizado e me dá aquele sorriso que você não sabe repetir nas fotografias. Dorme comigo essa noite, esquentando meu corpo nessa cama tão pequena que inventamos haver espaço para dois. Morre comigo essa noite que amanhã o dia é lindo. Amanhã - quando a sombra do filtro dos sonhos pendurado na janela produzir um mosaico em seu rosto - vou rezar para que você tenha sobrevivido. Por Deus, que eu não tenha te sufocado demais, que eu não tenha apertado demais entre os dedos esse coração que temo tanto perder, que eu não tenha roubado teu brilho por puro egoísmo em desejá-lo só para mim. Por favor, abra os olhos, desliza teu corpo em meu corpo. Morra mil vezes por dia só para me encontrar. Morra. Comigo. Outra vez. Acorde como num choque elétrico em que seu coração desiste, mas é loucamente forçado a pulsar, porque simplesmente ainda não é a hora de ir embora.

Bruna Berri

2 comentários:

Dan Arsky Lombardi disse...

Quando existe um abraço como esse, nunca é hora de ir embora.

Thuane disse...

Gostei da novo estilo do blog! E gosto quando tem teus textos. SAudades de vc Bru! Como estão as coias ai em Floripa? beijos