segunda-feira, 27 de abril de 2009



"Você não sabe, nem sonha, mas você acaba de zerar minha vida”. 

Tati Bernardi

domingo, 26 de abril de 2009


"E dessa vez, quem foi embora fui eu. Porque, afinal de contas, se a vida andou sem mim, não faz sentido nenhum eu parar por alguém que eu, em algum momento, resolvi deixar pra lá."

Rani Ghazzaoui

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Relógio no vácuo


Incompreensível a maneira que ela parecia derrotada. Suas costas curvavam para frente, não suportando mais o peso que o mundo colocara nas mesmas. Seu desgosto era visível, sentada em um banco sujo esperando o táxi chegar. As rugas ao redor de sua boca eram fundas, expressavam falta de sorrisos, falta de movimento aos músculos.
Ela estava cansada e quando olhava seu relógio dourado, parecia contar os minutos que lhe restavam de vida, torcendo para que passassem rápido. Os pés eram os únicos que expressavam movimento naquele corpo endurecido, tremiam ansiosamente, derrubando a poeira que a vida formara.
Seus olhos eram parecidos com os meus, castanhos cor-de-argila, observando o nada permanente em sua frente, o vácuo vivo. Seus olhos eram descontentes, relatando a dor que obviamente estaria sentindo em seus ossos curvados e a contrariedade ao ver tantas crianças obscenas. Seus olhos só desviaram a atenção do seu mundo interior quando observaram os meus. Observando-a cuidadosamente, jamais discretamente, minhas sobrancelhas expressavam indignação, como poderia ela estar triste com a vida? Ela tinha chego ao fim, estava quase na reta final, havia suportado tudo, aprendido, crescido, ela estava em pé, aparentemente sadia, aparentemente sozinha. Ficamos assim, nos encarando por mais ou menos 5 segundos, repassando informações, experiências. Entendi tudo, meus olhos eram 60 anos mais novos que os delas, e eu tinha muito a viver ainda. Eu cuidaria da minha saúde, cuidaria dos meus amigos, cuidaria dos meus pais infinitamente, quantas vezes fosse preciso. Cuidaria principalmente do meu sorriso, para que quando ele se desgastasse, eu teria um prazer ainda maior em mostrá-lo a todos.


Bruna Berri

quinta-feira, 23 de abril de 2009

A certeza não nos trai



Me sinto muito bem ultimamente, encontro aos poucos pedaços de mim que não se manifestavam há tempos. Encontro perdido longe de mim sorrisos que eu buscava desesperadamente há meses. Longe de mim, mas ao mesmo tempo presente constantemente.
Acho engraçada a maneira que não me surpreendo com você. Não que sejas comum – longe disso – mas já pareço acostumada com suas manias e imperfeições bizarras.
Complicado dizer que gosto tanto de seus defeitos como de suas qualidades, porque são principalmente neles – nos defeitos quase imperceptíveis – que encontro a nossa graça. A mesma graça que faz meus músculos faciais se contorcerem em um sincero, enorme, sorriso no meio da rua, na chuva, com frio.
Não consigo encontrar algo que me perturbe, que me incomode. Gosto de suas intromissões e inconveniências incomuns. Gosto do jeito moleque que sorri. Do jeito que meche a boca quando está ansioso. Do jeito que imagina a vida, que sonha com a vida. Do jeito inconsciente que cuida de mim, me tratando de igual para igual. Gosto do jeito...
Sabe, é isso, é o jeito que faz tudo tão intacto, tão real. Era a certeza da verdade, e é essa verdade que faz com que eu me sinta muito bem ultimamente. E meu medo vai embora. Porque temos tanto a aprender, tanto a descobrir, tanto a segurar com as mãos e não deixar cair... Que não poderíamos estar menos eufóricos.
Então querido, não se preocupe tanto comigo, enquanto você estiver aqui eu estarei feliz!


Bruna Berri

quarta-feira, 22 de abril de 2009


Cuide de quem corre do seu lado e de quem te quer bem. Essa é a coisa mais pura.


(Pontes indestrutíveis - Charlie Brown Jr.)

segunda-feira, 20 de abril de 2009


"Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza."


Caio Fernando de Abreu


"Chorei três horas, depois dormi dois dias.Parece incrível ainda estar vivo quando já não se acredita em mais nada. Olhar, quando já não se acredita no que se vê. E não sentir dor nem medo porque atingiram seu limite. E não ter nada além deste amplo vazio que poderei preencher como quiser ou deixá-lo assim, sozinho em si mesmo, completo, total."


Caio Fernando de Abreu

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Desejo proibido



Caso o amor não fosse tão grande, ela partiria. Não olharia para trás, não evitaria olhares e sorrisos. Lavaria todas as roupas com o cheiro dele e as usaria novamente. Trocaria os lençóis, as fronhas, pintaria as paredes do quarto. Rasgaria os rascunhos, as lembranças, as mágoas. Trocaria seus sonhos, suas idéias, seus costumes.
Caso o amor não fosse tão grande, ela não voltaria tantas vezes. Ela não o temeria. Cuidaria mais da sua saúde. Arranjaria outro alguém. Olharia outras fotos. Escreveria outros textos. Seria mais forte.
Mas o amor é grande, imenso, enorme. E ela parte. E ela volta. E fica nesse meio termo por dependência. Porque só ela sabe o quanto de veneno tomou em suas viagens, o preço que paga por um pouco de segurança.
Mas ela parte aos poucos, cortando contatos, sorrisos, olhares, cumprimentos, fio por fio. Sofrendo aos poucos, lentamente, fingindo nem notar que dia após dia vai matando seus desejos.



Bruna Berri

quarta-feira, 8 de abril de 2009


A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos.
O tempo não pára!


Cazuza

terça-feira, 7 de abril de 2009

Manicômio ilusionário


Estou triste, mas sempre estou triste. Sempre no mesmo quarto branco sem janelas, apenas com uma porta camuflada e sem fechadura. Quisera eu matar todos os olhares indiferentes refletidos na parede nua. Quisera eu matar meus sonhos aos bater minha cabeça na parede, mas era tudo muito macio.
Me sentia mordida, ferida, bagunçada. Presa aos meus próprios conflitos. Justo eu que sempre fui tão decidida, que sempre fui tão convicta. Eu estava duvidando de mim, da minha capacidade de continuar. E eu realmente precisava partir. Mas não havia mais nada além de mim. E para querer o novo, era necessário abandonar o velho.
E hoje era o dia.

Bruna Berri

sábado, 4 de abril de 2009


O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga idéia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói.

Cazuza


As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela. Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém. As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida. Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você. O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

Mário Quintana

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Reconstruindo muros


Penso que bater as asas não adianta, é preciso saber voar, entrar no embalo, participar da sintonia. Difícil fazê-lo quando elas estão quebradas, quando o vento passa direto, assim como passa pelas folhas secas, sem levá-las a lugar nenhum. Deixando apenas o arrepio gélido, os pedaços perdidos.
Triste não poder partir, ter os pés acorrentados, as mãos atadas, asas quebradas. Difícil ter que ficar e sorrir. Melancólico ter que continuar escrevendo a história ignorando os calos doloridos que permanecem resistentes sobre as mãos.
As brasas esquecidas em uma lareira suja não acendem mais. Os dedos amputados de uma criança inocente não voltam a crescer. O passado rasgado, apagado, esmigalhado, não volta jamais. A mentira contada nunca será sincera, assim como asas não se concertam.
Nada se reconstrói, não existe o meio termo, é ou não é.


Bruna Berri