Gostava muito, impossível explicar. Sempre considerou a felicidade intensa demais para transformá-la em palavras.
Seu sorriso explicava tudo, impossível não sorrir diante daquele olhar. Olhar que tinha efeito de cócegas nos joelhos, cócegas na barriga, cócegas onde quer que fosse. Olhar que derretia o gelo, aquecia a vida. Olhar que por vezes tão distante preocupava instantaneamente... "Ei, volta pra cá. Estou aqui agora, sempre estive."
Seu abraço sufocava os medos, as dores, e só deixava ali seus vazios cada vez mais preenchidos. E então esquecia do mundo... "Espera, põem os pés no chão". Costumava ter sempre os pés firmes - quase enterrados - no chão, mas agora não estava, e gostava, amava.
Sabia bem de quem lembrava ao sentir o cheiro de chuva que entrava pela janela. Sabia bem quem era aquele que tocava o mais fundo de si. Sabia bem onde queria estar, e estava, amava.
Bruna Berri