quarta-feira, 15 de abril de 2009

Desejo proibido



Caso o amor não fosse tão grande, ela partiria. Não olharia para trás, não evitaria olhares e sorrisos. Lavaria todas as roupas com o cheiro dele e as usaria novamente. Trocaria os lençóis, as fronhas, pintaria as paredes do quarto. Rasgaria os rascunhos, as lembranças, as mágoas. Trocaria seus sonhos, suas idéias, seus costumes.
Caso o amor não fosse tão grande, ela não voltaria tantas vezes. Ela não o temeria. Cuidaria mais da sua saúde. Arranjaria outro alguém. Olharia outras fotos. Escreveria outros textos. Seria mais forte.
Mas o amor é grande, imenso, enorme. E ela parte. E ela volta. E fica nesse meio termo por dependência. Porque só ela sabe o quanto de veneno tomou em suas viagens, o preço que paga por um pouco de segurança.
Mas ela parte aos poucos, cortando contatos, sorrisos, olhares, cumprimentos, fio por fio. Sofrendo aos poucos, lentamente, fingindo nem notar que dia após dia vai matando seus desejos.



Bruna Berri

5 comentários:

Diego! disse...

Que coisa mais linda guria! Parabéns pela sensibilidade...

Koga disse...

Excelente poema!!

Dinarte Assunção disse...

Se o que está escrito partiu de você, sua alma é linda.

H L disse...

=O
exatamente assim, sem tirar nem pôr!
PERFEITO O SEU TEXTO!
.

Thuane disse...

Adorei esse texto Bru =)
faz bem o meu tipo