sábado, 28 de março de 2009


Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais — por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia — qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.


Caio Fernando de Abreu

Um comentário:

Marcelo Zaniolo disse...

Perfeito.

O que posso dizer eh que por mais que sabamos como algo vai ser (ou como tente a ser) sempre ha uma misera esperança nos dizendo "desta vez vai ser diferente, vai dar tudo certo".

Assim, acabamos por seguir em frente mesmo quando sabemos que o melhor seria parar e simplesmente "esquecer".